O evento número um do mundo em negócios de ótica, a MIDO, ocorreu nesta semana, mais precisamente de 01 a 03 de março, mostrando que ainda é a referência do setor tanto para as tendências como também para os negócios. Em sua 44° edição, a feira teve um aumento significativo de expositores e de visitantes. Este ano em torno de 45.000 pessoas passaram pelos pavilhões da Rho-Fiera em Milão e puderam notar a volta de alguns grandes nomes do mercado que não haviam participado das últimas edições além, é claro, de uma série de outras debutantes que desejam figurar no topo das empresas do setor. No total foram 1.100 expositores de 49 países diferentes. Ano a ano a feira tenta se renovar e mais uma vez ela se apresentou nesta edição como uma ferramenta importante para alavancar os negócios do setor e impulsionar as vendas.
Para 2014 a novidade ficou por conta da divisão dos espaços, setorizados por tipo de produto e distribuído pelos pavilhões, que já era notado nas edições passadas, mas não tão evidentes como desta vez. Com isso, a feira reservou para cada setor uma área específica, concentrando os negócios em regiões demarcadas e diminuindo as longas caminhadas em busca dos parceiros corretos. Assim, máquinas e equipamentos de produção industrial, por exemplo, ficaram concentrados no pavilhão “Mido Tech” enquanto que as empresas de design e criação se concentraram no pavilhão “Mido Fashion Distric”. Além deles, um pavilhão inteiro dedicado às lentes, o “Mido Design Lab” para empresas focadas em concepção e projetos, além do “Otticlub”, uma área destinada para conferências e a “Imprensa Village” destinada às empresas de comunicação do setor.
As novidades acabaram por aí. Os que foram até a Mido em busca de novas tendências, grandes inovações e criatividade voltaram de lá com uma dose de decepção na bagagem. Nenhum material novo foi incorporado ao processo de produção das armações e era notória a investida da indústria em materiais tradicionais como o aço e o acetato, que são matéria prima das armações praticamente desde sua invenção. Quanto aos modelos, minimalismo nos detalhes de hastes e formatos de frontais que figuram nos rostos tanto de anônimos quanto famosos desde os anos 40. A criatividade surgiu apenas no uso de cores cintilantes e em texturas que aproximavam as peças àqueles vestidos de grife em dia de desfile, que servem para chocar a audiência, mas é impraticável no cotidiano.
No setor de lentes também pouquíssimas inovações. A indústria óptica vinha tendo diversos lançamentos de novas tecnologias de produção, mas parece que até não inventarem algo realmente inovador - continuaremos com os mesmos projetos dos anos anteriores.
No mundo da arte acredita-se que a criatividade é cíclica, com altos e baixos. Se aplicarmos esta crença no setor ótico, podemos dizer que a edição deste ano da Mido atingiu seu ponto mais baixo deixando evidente que a indústria reformulou sua forma de agir e está apostando no simples, mas eficiente. Ícones de gerações passadas estão sendo relançados a todo o momento indo na contramão daquilo que se imaginava há poucos anos. Alguns modelos, inclusive são desconfortáveis e muito mais pesados que os modelos que usam materiais mais modernos, mas a moda dita suas regras e as tendências deste ano continuarão sendo o estilo “Retrô”.
Perdem aqueles que tentam ainda criar seus ícones e investem em tecnologia e novidades. A boa notícia é que se você tiver em seu estoque armações antigas e até bem pouco tempo consideradas fora de moda, comemore! Você vai vendê-las todas e não vai nem precisar fazer promoção.
LEONARDO CARRARA é empresário do ramo óptico desde 1994. Tem formação em engenharia com especialização em administração de empresas, em óptica e optometria. Docente, professor de técnicas refrativas e coordenador de estágio do Instituto Filadélfia de São Paulo.