Líder de antigamente X Líder de hoje

Categoria: Visão profissional

Certa vez eu estava por proferir uma palestra motivacional em determinada empresa, quando o líder ali presente solicitou-me alguns minutos para sua conversa introdutória. Gostei do que ouvi na fala ao seu pessoal. Dentre os assuntos abordados, nunca me esqueci de um deles. Foi quando ele disse aos seus profissionais: “Pessoal, minha principal função aqui na empresa é não atrapalhar vocês. Quando eu estiver atrapalhando por favor me avisem, para que eu possa me corrigir.” O que mais gostei dessa preleção é que o comentário exalava verdade. Foi dita com o coração. Uma mensagem como esta não tem valor algum, isto é, passa a ser vazia e desprovida de sentido, se for simplesmente resultado de um planejado jogo de palavras, sem expressar sentimento real. No caso, o sentimento verdadeiro estava presente.

O bom líder dos novos tempos é aquele que, além de saber formar equipes, tem como meta primordial não atrapalhá-las. O líder que, focando em resultados não atrapalha seus liderados, merece o nome de líder.

O antigo hábito de querer controlar pessoas mostrou-se ideal para atrapalhar o trabalho e com isto criar péssimo ambiente organizacional. O líder de antigamente controlava pessoas. O líder de hoje controla processos e incentiva a liberdade e a autonomia da equipe. Com este proceder, o melhor ambiente interno se faz presente e - pesquisas comprovam - as empresas mais rentáveis são aquelas que têm melhor ambiente interno. A regra número 1 para o líder de hoje é: Contrate bons profissionais, treine-os, deixe claro o que espera deles e...não os atrapalhe!

Para falar sobre outra imprescindível qualidade do bom líder, volto há algum tempo quando a Tostines lançou um biscoito com o nome Tostitas. A propaganda de lançamento dizia “Tostitas, o biscoito que não é doce nem salgado”. Foi um fracasso total de vendas. Como é que o consumidor vai comprar algo que não sabe qual é o sabor? Portanto, não seja um líder “Tostitas”! Líder que nem é doce nem é salgado, não é líder. Todo líder precisa ter sua “marca”, que nada mais é do que sua característica positiva mais evidente. Por exemplo, aquele líder que é fissurado pela qualidade do produto ou do serviço, tem liderados que assim o definem: “Uma das coisas de que ele não abre mão é a qualidade do serviço”; a líder que tem como característica mais evidente a exigência do cumprimento do prazo, tem liderados que assim a definem: “Ela é um anjo, mas fica uma arara quando o prazo combinado não é cumprido”; o líder que tem como maior característica o aspecto humano, tem liderados que assim o definem: “Ele é exigente, mas acima de tudo ele nos vê como seres humanos”.

Caro líder, qual é a sua “marca”? Se não a tem, procure desenvolvê-la e, através da ação, torná-la evidente. Um líder que não se define, também não merece o nome de líder.

Outra qualidade que todo líder também precisa ter é pulso firme. Entendamos o que significa pulso firme: primeiramente pulso firme não é desrespeitar o liderado, não é ser mal educado, não é esmurrar a mesa. Pulso firme significa ser assertivo, ser transparente. E, muito importante, pulso firme significa também ser imparcial no relacionamento com os liderados, isto é, não ter “protegidos”, considerar todos iguais. Pulso firme significa ainda aplicar a máxima “seja o seu sim, sim; seja o seu não, não”.

Seja um líder atualizado. O líder de antigamente era aquele que ia à frente. O líder de hoje é aquele que vai atrás apoiando e estimulando; o líder de antigamente era aquele que por si só fazia acontecer. O líder de hoje é aquele que forma equipes para que estas façam acontecer; o líder de antigamente muito se destacava. O líder de hoje é aquele que estimula sua equipe a se destacar, pelos resultados obtidos; o líder de antigamente tinha subalternos. O líder de hoje tem colaboradores.

Disraeli com uma única frase define bem o que é um bom líder: “Lá vão eles. Devo segui-los. Sou seu líder.”

 

ALKÍNDAR DE OLIVEIRA é consultor de empresas, escritor, palestrante e professor de liderança, oratória, comunicação interna, visão sistêmica, ambiente organizacional e outros temas. Paulista, ministra treinamentos comportamentais para líderes em todo o Brasil. É criador da Metodologia do Diálogo e do Consenso. Site: