No começo do Campeonato Mineiro de 2012, os jogadores do Cruzeiro não colocaram chuteiras nem uniforme: Antes de ir para o campo treinar, o elenco celeste foi cuidar dos olhos - os atletas realizaram uma bateria de exames oftalmológicos.
Problemas de visão entre jogadores de futebol são mais comuns do que parecem. Os mais conhecidos são os casos de miopia em Romário, Kaká e Alex. E tem o caso de Pelé, que quase não foi convocado para a Copa de 70, porque não estaria enxergando bem. A dedução do então técnico João Saldanha foi confirmada , quando, há alguns anos, veio à tona a história de que Pelé é míope dos dois olhos há décadas e, por causa disso, teve um deslocamento de retina, que quase o deixou cego do olho esquerdo.
Acontece que nenhum craque usa óculos, porque a legislação desportiva estabelece que o atleta não pode entrar em campo usando acessórios que possam machucar o adversário. Mesmo o uso de óculos de proteção ainda é motivo de discussão entre as confederações. Se forem escuros, nem pensar. A Federação Paulista de Futebol (FPF), por exemplo, diz que o item pode diminuir a competitividade, principalmente porque muitas partidas acontecem à noite.
A proibição do uso de óculos pelos jogadores durante as partidas também esteve na legislação da FIFA até a Copa de 2010. Por isso, dos jogadores que não enxergavam bem, 64% deixavam de corrigir a visão durante os jogos e 1 em cada 4 atletas nunca tinha passado por exame de vista com medo de ser eliminado pelos treinadores. Estes números foram apresentados em um dos poucos estudos desenvolvidos no Brasil com 80 jogadores da FPF com idade entre 17 e 22 anos. Realizado pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, o levantamento também mostra que 27 dos entrevistados ou 34% apresentavam algum problema de visão. Desses, só 10 ou 36% entravam em campo usando lente de contato. O restante usava óculos fora dos treinos e partidas.
O médico conta que o levantamento realizado com os jogadores da FPF mostra que a miopia, dificuldade de enxergar de longe, liderou os problemas de visão, atingindo 42% dos que precisavam de correção visual. A hipermetropia, dificuldade de enxergar de perto, atingiu 31,7% dos que não enxergavam bem e os vícios refrativos associados que desfocam a visão para perto e longe atingiu 27,3%.
Desde 2012, porém, o novo livro de regras do futebol publicado pela FIFA, libera o uso de óculos em campo pelos jogadores desde que o acessório não represente risco para os atletas. Assim, o uso de lentes corretivas pode surpreender os torcedores pela melhora no desempenho dos craques já que a visão responde por 85% de nossa interação com o meio ambiente. O futebol exige bom campo visual e capacidade de enxergar bem em todas as distâncias. Por isso, até a correção de pequenas deficiências visuais pode fazer diferença no desempenho dos atletas.
Voltando ao Cruzeiro, o time acabou em segundo lugar no Campeonato Mineiro de 2012. Mas, neste caso, não deve ter sido por causa da visão dos jogadores.
(Fonte: LDC Comunicação)