A visão normal de um macaco é quase idêntica a de daltônicos humanos, apontando-os como excelentes espécimes para estudar as desordens que acometem as pessoas. A maioria dos seres humanos possui três tipos de fotorreceptores de cor – vermelho, verde e azul – que permitem ver o espectro completo de cores.
O daltonismo é uma condição genética que atinge 5% dos homens e uma porcentagem menor de mulheres, devido à falta da proteína sensível à luz para os comprimentos de onda verde e vermelho. Os macacos possuem somente dois fotorreceptores de cor, limitando sua visão, eles não podem distinguir um “X” vermelho em um fundo verde, por exemplo. Mas eles podem ter visão melhorada quando submetidos à injeções com gene fotorreceptor humano.
A pesquisa, realizada em animais adultos, constatou que o sistema visual é ainda mais flexível do que se pensava e os macacos se adaptaram rapidamente ao novo sistema sensorial.
Os cientistas da University of Washington (http://www.washington.edu/), em Seattle, Estados Unidos, injetaram o gene para tratamento de humanos com o fotopigmento vermelho direto nos olhos dos animais, perto da retina. O gene, que estava dentro de um vírus inofensivo usado frequentemente em terapias genéticas, é projetado de modo que se torne somente ativo em um subconjunto de fotorreceptores verdes. Assim começa a produção da proteína do pigmento vermelho aproximadamente entre 9 a 20 semanas depois da injeção, transformando aquelas células em tipos que respondem à cor vermelha.
Os pesquisadores avaliaram os macacos antes e depois do tratamento, utilizando um teste similar ao usado para avaliar o daltonismo em humanos. Formas coloridas foram encaixadas em um fundo de cor diferente, e os macacos tocavam os conjuntos em que eles viam as formas. Os pesquisadores concluíram que a percepção das cores pelos animais mudou drasticamente depois do tratamento.
Ambos os animais descritos no estudo mantiveram a nova capacidade de percepção de cores por mais de dois anos. E nenhum deles apresentou efeitos colaterais negativos, tais como uma reação imune à proteína que foi injetada. Os pesquisadores estão estudando mais quatro animais, sem sinais de complicações.
Outros experimentos com terapia genética já estão sendo feitos para combater mais males da visão, como para a neuropatia óptica hereditária de Leber, em que uma proteína anormal danifica os fotorreceptores em sua sensibilidade à luz. A chance de esta pesquisa ser convertida em um tratamento para o daltonismo humano é controversa, apesar de também melhorar a acuidade visual.
A expectativa dos pesquisadores é que os resultados certifiquem que o tratamento pode ser aplicado contra outras doenças da retina. Centenas de mutações já foram identificadas e relacionadas aos problemas que podem atingir os fotorreceptores e outras células retinianas, conduzindo à doenças como a retinose pigmentar, doença degenerativa que pode levar a cegueira.
Entretanto, ao contrário do daltonismo, onde o sistema visual está intacto, salvo pela falta de fotopigmentos, muitas destas doenças provocam danos às células fotorreceptoras. A pesquisa também levanta a possibilidade de melhorar a funcionalidade do sistema visual.
(Fonte: Portal OSN)