O Argus II é um dispositivo criado pela empresa Second Sight que capta imagens e envia sinais elétricos ao olho do paciente em padrões iguais aos das letras em braile. Isso permite que pacientes cegos 'enxerguem' as letras em braile com até 90% de exatidão, sem o uso dos dedos.
A pesquisa foi publicada no periódico Frontiers in Neuroprosthetics e pretende revolucionar o tratamento de doenças degenerativas, como a retinite pigmentosa, um tipo de degeneração da retina que leva à perda da visão. Pacientes atingidos por este tipo de rinite sentem, inicialmente, uma cegueira noturna seguida de redução do campo visual.
O Argus II já foi implantado em mais de 50 pacientes, muitos dos quais passaram a conseguir ver cor, movimento e objetos. Existe uma versão do aparelho que não envia sinais em braile e esta versão falhou ao transmitir à retina pistas visuais, como letras e sentenças curtas, que tendem a ser complicadas de ler.
Diante deste contratempo, os pesquisadores consideraram, então, uma técnica comprovada de comunicação para as pessoas cegas, o método braile.
Neste sistema de leitura, as letras individuais são criadas por um subconjunto de pontos dispostos em um sistema de 3 x 2 (seis pontos ao todo). No Argus II, um conjunto de eletrodos montado em um sistema 10 x 6 (somando 60 pontos) são colocados diretamente na retina. Para o experimento com braile foi separada uma grade com seis pontos, dentro dos 60 pontos do sistema. Esse grupo passou, então, a ser estimulado no padrão braile da letra que era captada pela câmera instalada nos óculos.
O coordenador do estudo, Thomas Lauritzen, afirma que não houve nenhuma entrada, exceto o estímulo do eletrodo e que o paciente “reconheceu as letras braile facilmente". No final da experiência com o aparelho, o grupo voluntário conseguiu identificar corretamente 89% das letras dispostas de maneira individual, 80% daquelas que estavam colocadas em duplas, 60% das em trio e 70% quando havia quatro letras.
(Fonte: Veja Saúde)