Também conhecida como “Dislexia de Leitura”, a Síndrome de Irlen diz respeito à dificuldade relacionada à manutenção da atenção, compreensão e memorização e à atividade ocular durante a leitura levando a um déficit de aprendizado. Afeta pessoas de todas as idades, com inteligência normal ou superior à média e está relacionada a uma desorganização no processamento cerebral das informações recebidas pelo sistema visual.
Com alguns sintomas em comum, a desatenção e a falta de concentração são queixas tanto no DDA (distúrbio do déficit de atenção – com ou sem hiperatividade) quanto na dislexia de leitura. Em meninas é comum esta forma de apresentação do DDA, que é bem mais conhecido do que a dislexia visual.
Por isso, alguns sinais e queixas visuais como espelhamento, fotofobia e falta de concentração, especialmente em relação à leitura, devem ser valorizados para excluir a dislexia visual antes de formalizar o diagnóstico de DDA. Diagnóstico esse que também é de exclusão, já que não existe nenhum exame complementar que sozinho confirme o diagnostico de DDA. Desta forma, são necessários testes neuropsicológicos que avaliam a capacidade de memória e a cognição, entre outros aspectos, além da ressonância magnética encefálica e a eletroencefalografia com mapeamento cerebral.
Na dúvida, a criança deve ser avaliada por especialistas tanto em déficit de atenção quanto em dislexia visual. E caso as dúvidas persistam, o acompanhamento por ambos especialistas deverá permanecer por um tempo maior, Isso fará a diferença após um determinado período de observação e acompanhamento, já que uma precipitação diagnóstica não conduzirá a desfechos positivos no longo prazo.
Muitos oftalmologistas admitem que a maioria ainda não esteja familiarizada com a dislexia visual. Por se tratar de um diagnóstico e o tratamento da dislexia de leitura um tanto recente, as dificuldades enfrentadas por pais, educadores e crianças portadoras do distúrbio podem e devem ser minimizadas através de exaustiva investigação propedêutica.
Assim, as queixas trazidas pelos pais não devem ser ignoradas, ainda que o exame rotineiro (acuidade visual, analise refratométrica, visão de cores, fundoscopia e biomicroscopia) não apresente anormalidade digna de nota.
O tratamento oftalmológico convencional (lentes corretoras de ametropias) não agrega valor terapêutico. Mas estratégias motoras (avaliação por ortoptista familiarizado com a síndrome disléxica), filtros e prismas podem melhorar muito a qualidade de vida das crianças portadoras da dislexia de leitura, conforme atestam especialistas habituados a lidar com as queixas oftalmológicas do distúrbio disléxico.
No Brasil, núcleos criados por especialistas em Minas Gerais e Pernambuco agregam profissionais de vários segmentos (ortóptica, psicologia, fonoaudiologia, psicomotricidade, entre outros). Recentemente, o núcleo mineiro conseguiu, junto ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), uma liminar determinando que o governo daquele estado providencie tratamento contínuo para um menino de 11 anos, morador de Itabira, que sofre da síndrome de Irlen.
(Fonte: Dislexia de Leitura do Hospital de Olhos, MG)