Tudo é emoção na história da pequena Nicolly. Ela nasceu com uma forma agressiva de glaucoma congênito. Por causa da elevada pressão intraocular, corria o risco, além da cegueira, de precisar ter os olhos retirados. Além disso, descobriu-se depois que Nicolly também não ouvia e também enfrentava problemas renais.
A menina passou por três hospitais em Santa Catarina, onde a família morava, e depois, fez sete cirurgias (a primeira aos nove dias de vida) em São Paulo para tentar corrigir o problema. Não deu certo.
Sem coragem para dizer às pessoas a sentença dos médicos, de que era quase impossível Nicolly enxergar, aos três meses de vida da menina a mãe, Daiana Pereira, postou uma foto em uma página criada para ajudar outra criança doente, que tinha muitos seguidores. “Uma menina do Rio de Janeiro, Luciana, viu a foto e sugeriu criar também uma página de ajuda”, conta Daiana.
Com os recursos arrecadados, a família se mudou para Sorocaba, no interior de São Paulo, para buscar outras opções de tratamento. “Eu e meu marido fomos trabalhar no lava-jato de uma amiga, quando não estávamos com a Nicolly nos hospitais”. Em uma das viagens, acabaram batendo o carro, que foi vendido para custear o tratamento.
“Muita gente achava que ela nunca enxergaria, mas nunca duvidei. Ficava até sem o que comer para pagar um exame que ela precisava. Às vezes eu entrava confiante no consultório e saía arrasada, mas ela dava um sorriso e toda decepção acabava naquele sorriso dela”, diz a mãe da menina.
A mobilização na internet cresceu e despertou o interesse de uma internauta que vive nos Estados Unidos, fala português e cuja mãe também tem glaucoma. A jovem decidiu pesquisar hospitais que pudessem fazer a cirurgia para tentar salvar a visão de Nicolly.
“Uma fundação se interessou pelo caso dela e decidiu ajudar. Ganhamos a hospedagem, a comida e a cirurgia”, conta Daiana.
Mas ainda eram necessários US$ 17,5 mil para cobrir outros custos hospitalares. Mais uma vez, uma campanha foi lançada. Um casal fundador de uma ONG nos EUA doou US$ 15 mil, e um corredor de kart de 10 anos deu as passagens, diz a mãe de Nicolly.
Em pouco tempo, Daiana e a filha embarcavam para os Estados Unidos para uma temporada de seis semanas. A mãe recorda das primeiras palavras da médica: “My god”. “Quando ela viu Nicolly, assim que chegamos do Brasil, achou que tinha cometido um erro de levá-la para os Estados Unidos, o caso de Nicolly era muito grave. Mas não contou pra gente na hora”.
A cirurgia a qual Nicolly foi submetida durou três horas e, além da visão, devolveria à menina também a audição. Havia a possibilidade de uma nova operação, mas a recuperação da menina surpreendeu os médicos e não foi necessária.
De volta a Piçarras, no litoral norte catarinense, Nicolly aos poucos retoma a rotina, e vem evoluindo. "Está escutando, antes da cirurgia falava meio embaralhado, agora repete tudo, até canta em inglês com as musiquinhas dos brinquedos que ganhou nos Estados Unidos”, diz Daiana.
A visão da criança está longe de ser 100%, mas a família considera que o que aconteceu foi um “milagre”. “Ela está usando óculos com 5 graus cada”.
Nos últimos dias, por causa do frio, Nicolly tem ficado em casa. "É por causa da imunidade. Mas ela está bem, vai se adaptando. À noite fica meio chorosa, porque nos Estados Unidos ela dormiu seis semanas comigo, e aqui ela tem o quartinho dela, dorme sozinha. Só que agora ela enxerga!", diverte-se a mãe.
O momento em que os tampões são retirados e Nicolly vê o mundo – e a mãe – pela primeira vez, no dia seguinte à cirurgia, foi registrado em vídeo (assista abaixo e tente não se emocionar). "Filha, você tá vendo!", disse a mãe, entre lágrimas, naquele momento. "Ela me vê e diz: 'que linda'", conta Daiana.
Confira o momento emocionante:
(Fontes: G1 & YouTube)