“De graça, até injeção no olho”, costuma-se dizer quando alguma coisa vai ser fácil de se conseguir. No caso, a injeção no olho funciona como exemplo de algo desagradável mas que, em sendo de graça, passa a valer muito à pena. Embora uma injeção dentro do olho possa soar dolorosa ela é relativamente segura de ser realizada, praticamente indolor e bastante tolerável. E o nome correto é injeção intravítrea, que consiste na administração de alguma medicação dentro da cavidade vítrea, ou como muitos dizem no “miolo do olho”.
Não se trata de um procedimento novo, entretanto o que vem evoluindo são as medicações disponíveis para a injeção e a gama de doenças passíveis de tratamento por essa via. No passado as injeções intravítreas se restringiam a administração de antibióticos ou antifúngicos para tratamento de endoftalmites. Atualmente, porém, as injeções estão sendo indicada para o tratamento de degeneração macular ligada a idade (DMLI) exsudativa e outras causas de neovascularização, edema macular cistóide, inflamações intra-oculares, dentre outras.
Essa via de administração é usada normalmente em doenças da retina que, em geral tem efeito devastador sobre o sentido da visão, em particular a DMLI que afeta a região central da visão. A posição e a fisiologia da retina em nossos olhos torna este tecido um pouco “isolado” e a concentração de drogas administradas por via tópica (colírios) ou sistêmica é em geral muito baixa no nível da retina. Por isso a administração intravítrea se torna ideal, pois com uma pequeníssima quantidade de medicamento aplicada diretamente na cavidade vítrea atinge-se altas concentrações da droga na retina, que se mantém por um razoável período de tempo dependendo da droga utilizada.
Mas, ainda que “de graça”, a injeção intravítrea é um procedimento invasivo e, como tal, sujeito a complicações. Por isso mesmo, deve ser feito por oftalmologista habituado ao mesmo (normalmente o especialista em retina) e mesmo assim não é isento de riscos. As principais complicações relacionadas a injeção, ainda que raras, são o aumento da pressão intra-ocular, hemorragia vítrea, descolamento de retina e endoftalmite.
Cabe ao oftalmolgista diagnosticar a doença e indicar a injeção intravítrea adequada a cada caso. A injeção deve ser realizada em centro cirúrgico com técnicas assépticas sob anestesia tópica ou local e o acompanhamento após o procedimento deve ser rigoroso.
(Fonte: Oftalmolife)