A capacidade de interpretar expressões faciais tem origem evolutiva, o que significaria que elas seriam algo como uma “língua universal”. Todos nós, quando experienciamos uma emoção, traduzimos a mesma através de uma expressão facial, nem que seja o nível micro (principalmente quando mentimos), onde as mesmas duram menos de 1/5 de segundo.
Imagine, então, conseguir identificar em 85% das vezes a diferença entre a dor real e a dor simulada a partir da expressão facial de uma pessoa. Pois pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego, e da Universidade de Toronto, no Canadá, juram que robôs são bem melhores que nós nesta identificação.
Os humanos conseguem diferenciar dor verdadeira e dor simulada em 55% das vezes. Já os computadores acertam muito mais que isso. Exatos 30% a mais.
Um dos autores da pesquisa, Kang Lee, explica que “em espécies altamente sociais como humanos, rostos evoluíram para contar informações ricas, incluindo expressões de emoção e dor”. E, devido à forma como nosso cérebro funciona, pessoas podem simular emoções que não estão experienciando - e assim conseguir enganar outras pessoas. O computador é bem melhor ao perceber as diferenças sutis em movimentos faciais voluntários e involuntários”.
Mas isso não vale apenas para diferenciar expressão de dor, e sim para qualquer emoção. Um sorriso falso pode ser percebido por um computador que afirmaria ser o sorriso apenas aparente – na verdade, a pessoa não estaria sentindo alegria alguma naquele momento.
Segundo Marian Bartlett, especialista em visão computacional e aprendizado de máquinas da Universidade da Califórnia, esta é uma das primeiras vezes que os computadores se saem melhores que humanos em processos perceptivos. Ultimamente, muitas pesquisas voltadas para o melhoramento do processo de reconhecimento e verificação facial foram apresentadas, como este software do Facebook ou este “olho” para computador criado por cientistas alemães.
Os responsáveis por esta nova pesquisa esperam que a tecnologia de detecção de pequenas nuances em expressão facial sirva para o desenvolvimento de aplicações que percebam o que as pessoas estejam realmente sentindo, o que poderia impedir, por exemplo, casos como o da publicitária brasileira que recebeu uma condenação em primeira instância por simulação de orgasmo na conclusão de atos libidinosos. O autor do processo alegou ter a honra vilipendiada após a sua ex-mulher ter publicado em uma rede social uma frase com os seguintes dizeres: “fingir orgasmo… quem nunca?”...
(Fonte: TechCrunch)