Se for dirigir, não leia

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Sendo bem rápido e sucinto: não, não descola. É possível ler a Bíblia cruzando do Oiapoque ao Chuí num carro bem sacolejante e o máximo que vai acontecer é o leitor ficar tonto.

Esta tontura por sua vez acontece porque quem lê num veículo em movimento está mandando duas mensagens conflitantes para o sistema nervoso. Do ponto de vista central, concentrada no texto à sua frente, o leitor está parado. Mas a visão periférica capta a paisagem correndo ao lado e manda avisar que ele está em movimento, o que gera uma confusão entre o cérebro e a visão. E isso pode causar um mal-estar. Entretanto, tal indisposição não tem nada a ver com descolamento da retina - e pode ser facilmente evitada se o leitor simplesmente colocar algum obstáculo, como uma cortina, na janela do veículo.

Já houve um caso registrado de um cidadão amazonense que descolou a retina lendo a bordo de um barco. Todavia, o leitor tinha agravantes que contribuíram para o descolamento: 6 graus de miopia e um caso severo de diabetes.

Para um olho normal, o perigo está mesmo naquela trombada no futebol, no cinto de segurança que escapa, ou mesmo nos air bags, como já mostramos aqui. Em resumo, uma pancada muito forte próxima dos olhos. O descolamento inicial pode ser pequeno, notado apenas pelo surgimento de pequenas manchas na visão, mas, sem tratamento rápido, a retina inteira pode se descolar.

A retina é uma camada interna do olho, que recebe e repassa imagens para o cérebro. Colada no globo ocular, ela não descola apenas com um movimento involuntário fruto de uma leitura em movimento.

Uma retina normal só se descola após receber um impacto muito forte. Se descolada, ela não reflete mais as imagens captadas: começa com algumas manchas e avança até a perda da visão.

O tratamento tem que ser imediato, e geralmente inclui cirurgia. No procedimento mais comum, é colocado um anel de silicone em volta do olho. Permanente, o anel serve para suturar a retina rompida e restaura a visão normal.



(Fontes: Hospital dos Olhos, Instituto Benjamin Constant, Conselho Brasileiro de Oftalmologia e Sociedade de Oftalmologia do Amazonas via Superinteressante)