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Irlanda, onde os elfos vivem

Long story short: eu odeio viagens. As com caráter apenas turístico, de uns anos para cá, só me desgostaram. O que você mais escuta das pessoas quando voltam de uma viagem é a maldita frase: “como era bonito!”. O que significa que era apenas bonito e fica por isso mesmo.

E já que é para resgatar coisas de anos passados, eu devo ter absorvido um pouco do azar do meu amigo Kenny, o que causou uma corrente improvável de eventos, que me fez bater a cabeça tão forte que eu nem me lembro do acontecimento, que por fim, diminuiu meu QI em 100 pontos temporariamente. Porque uma vez, acreditem se quiser, minha mãe me convenceu a viajar com ela para uma cidade chamada: Bonito.

No meu mapa, claro, hoje em dia a cidade chama-se Horrível.

Quando meus amigos disseram que planejavam uma viagem pela Irlanda, Escócia e Inglaterra, eu realmente considerei participar, pelo único motivo que eu queria dar mais uma chance a esse tal de turismo. Convenci-me completamente quando tive certeza que minha namorada ia passar um mês na Alemanha antes de ir para o intercâmbio dela, em Portugal.

O dia da viagem chegou, lá fomos nós, de Karlsruhe para Baden-Baden, cidade ao lado onde fica o aeroporto. Acordamos as 4 da manhã para pegar o avião as 6. Mochila nas costas, sem mala nenhuma porque voaríamos de Ryanair, que permite levar, apenas, uma bagagem de mão, do contrário tem que pagar o despache.

Fizemos conexão em Londres antes de ir para Dublin. No aeroporto de Londres comi um sanduiche chamado BLT (Bacon, Lettuce and Tomatoes), o que me fez lembrar da Guiding Eyes (Escola de cães guia onde busquei o meu).

Ao chegarmos em Dublin, fomos para o Hostel deixar as mochilas para dar uma volta pela cidade. Permitam-me fazer um adendo sobre Hostels: se tiverem um pouco mais de grana, invistam em um lugar melhor para ficar. Dos três lugares da viagem, o único hostel que prestava foi o de Dublin.

Paramos em um pub na esquina do Hostel para comermos algo. Pubs é o que não vai faltar em Dublin, pelo menos no centro, certeza que tinha  um ou dois em cada esquina. Achei a comida da Irlanda melhor que da Alemanha, mas repetitiva. Talvez eu não tenha procurado muito, mas todos os pubs que entrei, serviam praticamente a mesma coisa.

Na sexta-feira a noite fizemos um pub crawl, que é basicamente um tour em vários pubs da cidade. O diferencial deste que era um pub crawl musical, onde dois músicos acompanharam a gente o tempo todo,  tocando e cantando músicas tradicionais da Irlanda, as quais eu sou fascinado.

No dia seguinte fizemos um Walking Tour. Um passeio ao redor da cidade com um guia, que explica com vários dados históricos, o que era cada lugar a medida que passávamos por eles. Gosto dos walking tours  por causa dos dados históricos, mas, no geral, é completamente dispensável para mim, porque não posso tocar nada, só caminho de um lado para o outro e escuto o guia falar.

No domingo fomos a Howth, uma vila de pescadores na Irlanda. O lugar mal tem um artigo descente  na wikipédia, mas tem muita história para contar. Novamente segui meus colegas, mas o passeio não valeu a pena, pelo menos para mim. Consistiu em uma caminhada, praticamente o dia inteiro, por trilhas, barrancos, lama, asfalto.

Final de passeio, voltamos acabados para o Hostel e dormimos porque a viagem não acabava em Dublin.

A impressão que a Irlanda me deixou foi muito positiva, embora eu não tenha feito muitas coisas que eu tivesse aproveitado ao máximo. Mas realmente gostei de ter estado lá, caminhado nas ruas e interagido com  várias pessoas. Os Irlandeses são um povo muito alegre, não tão expansivo quanto o brasileiro, mas alegre.

O que eu tenho para dizer sobre a Irlanda? Talvez tenha gente que volte apenas com uma palavra na bagagem para contar para os outros: bonita. Eu já diria muitas outras: pubs muito confortáveis de se estar e essa é a intenção deles mesmo. Como um guia nos disse, se você se sentir que está na casa de um amigo seu ao entrar em um pub, ou se sentir que está na casa de alguém, o pub cumpriu seu objetivo.

Afinal, os primeiros pubs foram feitos nas garagens das pessoas.

Vibrante com sua variedade de instrumentos típicos; convidativa - embora a variedade das comidas não seja lá tão grande, os cheiros eram mais do que acolhedores. E muito mais.

E como eles diriam “felicidades!” ou ao brindar um drink em gaélico, eu me despedi da Irlanda dizendo: Slainte!



LUCAS RADAELLI é natural de Curitiba (PR). Cego desde nascença do olho esquerdo e, desde os 4 anos, do direito também. Estuda ciências da computação na Alemanha. Lucas se define como deficiente visual, nerd, leitor compulsivo e projeto de escritor que gosta de opinar sobre coisas relacionadas a esses e outros assuntos usando o seu ponto de vista, que, segundo seu bom humor, aparentemente é nulo. Blog: lucasradaelli.com

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