Por que a gente também não pode?

Saúde Visual publicou uma série de textos para minimizar o preconceito sobre a sexualidade de pessoas com deficiências.

Dando continuidade ao assunto, publicamos agora um texto de Almir Escatambulo sobre o mesmo tema.

Sou um cara bem liberal nessas questões, vivemos numa democracia (apesar de ela ainda ser falseada) pela “moral e os bons costumes”, eu compreendo que todos (eu disse todos e todas também), devem ter a liberdade de fazer o que bem entender do seu corpo e mente.

Por mim as mulheres poderiam fazer aborto (se o fato de ter uma criança fosse prejudicial para ela), a maconha estaria liberada pros “manos ficarem loucos” e todo mundo era de todo mundo. Mas como contos de fadas não existem e muito menos Papai Noel, temos que nos contentar com a dura e fria realidade da vida.

Agora, no que tange a sexualidade das pessoas com deficiência, digo o seguinte: ainda existe um tabu muito forte. As pessoas não se acostumaram e não entenderam que nós que temos algum tipo de deficiência, somos “normais” e que só temos limitações decorrentes ao contato com a sociedade que ainda é excludente.

E isso acontece nos relacionamentos afetivos/sexuais, sejam eles passageiros ou não. Muitas pessoas, ainda perguntam “como uma pessoa com deficiência vai transar com uma mulher, se ele não enxerga” ou “não anda”. E por medo e por não ter - ou não querer - informações a respeito, reproduz um preconceito de que as pessoas com deficiência são seres assexuados (anjinhos especiais na terra), assim não tem namorada(o), na faz sexo e não casam.

Quantas vezes, este que vos escreve, foi alvo de chacotas ao relatar que paquerou uma moçoila qualquer, num determinado lugar? Ou que apreciou a beleza do sexo oposto que passava em nossa frente e ouviu coisas como, por exemplo, “você é sem vergonha, hein! E ainda diz que não enxerga direito...”.

Ou seja, é uma concepção ridícula, equivocada e - porque não dizer - idiota, pois as informações estão ai, só não compreende quem não quer, por ainda conservar aquela “cultura da exclusão” oriunda dos padrões estabelecidos pelas novelas e filmes americanos.

O que precisamos fazer é mostrar que as pessoas com deficiência, podem sim, ter relacionamentos sérios, passageiros e, também – por que não? – ter sexo pago. Ele é livre, então porque o preconceito? Por que ainda insistem em nos colocar num patamar de “anjinhos especiais na Terra”? Se os outros podem, por que a gente também não pode?

Bom! Chega de falar, senão eu vou me complicar...

Prazer à vista!

 

Autor:

Almir Escatambulo é deficiente visual, tem 29 anos e mora em Londrina, no Paraná. É formado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).

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Olhos nos olhos, quero ver o que você faz, ao sentir que sem você eu passo bem demais.

Chico Buarque

Pelo brilho nos olhos, desde o começo dos tempos, as pessoas reconhecem seu verdadeiro amor.

Paulo Coelho

Oh, paixão, que fazes com meus olhos que não enxergam o que veem?

William Shakespeare

O homem que não tem os olhos abertos para o misterioso passará pela vida sem ver nada.

Albert Einstein

Existe um caminho que vai dos olhos ao coração, sem passar pelo intelecto.

Gilbert Keith Chesterton

Olhos nos olhos, quero ver o que você diz. Quero ver como suporta me ver tão feliz.

Chico Buarque

Guarda-me, como a menina dos seus olhos. Ela é a tal, sei que ela pode ser mil, mas não existe outra igual.

Chico Buarque

Mulher, teus olhos são meus livros.

Machado de Assis

Mantenham os olhos nas estrelas e os pés no chão.

Theodore Roosevelt

Dirão, em som, as coisas que, calados, no silêncio dos olhos, confessamos?

José Saramago

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