Bem, amigos do Saúde Visual, o Campeonato Brasileiro vai começar e suas emoções vão mexer com a cabeça de todos os torcedores pelo país à fora. Todos de olho na bola, no craque do time, naquela jogada genial. Mas é muito importante ficar de olho no olho: o futebol é a causa mais comum de traumas oculares relacionados ao esporte. Estudos realizados recentemente no Brasil mostram que 14,1% dos casos de perfuração ocular que chegam aos pronto-socorros são relacionados a lazer e esporte e envolvem contato físico.
Em 2012, durante o primeiro jogo da final do Campeonato Paulista, o atacante Neymar, então no time do Santos, sofreu uma lesão no olho direito. Assim como Neymar, outros grandes jogadores de futebol sofreram acidentes oculares durante a prática esportiva.
Em 1969, durante uma partida entre Cruzeiro e Corinthians, o campeão mundial pela seleção brasileira, Tostão, recebeu uma bolada no olho esquerdo, descolando sua retina. O jogador submeteu-se a uma cirurgia nos EUA. Contudo, quatro anos depois, foi obrigado a encerrar sua carreira devido ao problema de visão.
Oftalmologistas portugueses realizaram um estudo sobre as lesões oculares relacionadas ao futebol publicada na revista Archives of Ophthalmology. Eles acompanharam 163 pacientes no período de 1o de abril a 31 de março com o objetivo de descrever a gravidade e as sequelas a longo prazo das lesões oculares no futebol.
As lesões oculares ocorreram predominantemente em jovens que praticam futebol de salão (50,9%) ou futebol de campo (47.2%), e a maioria das lesões ocorreram devido a bolas chutadas em direção ao gol. A lesão da retina foi a mais freqüente. A gravidade das lesões não foi correlacionada a idade, sexo, tipo de futebol, nível de experiência, ou posição do jogador.
No Brasil existe uma grande deficiência quanto à prevenção de acidentes oculares e tratamentos mais específicos com atletas. Apesar de times grandes, como o São Paulo, fazerem seus jogadores passar por revisões periódicas, não é comum a presença de oftalmologistas nas comissões técnicas.
É sempre importante lembrar que o time do Cruzeiro de Minas Gerais também colocou todo seu elenco para cuidar dos olhos, conforme destacamos nesta matéria.
Em casos como o de Neymar, o grande problema é de um contato com o olho do atleta, o que causaria um novo sangramento. Em partidas de futebol, geralmente são indicados óculos protetores, como os do jogador holandês Edgar Davids. Ele sofreu uma cirurgia para glaucoma e o assessório lhe servia como proteção. Entretanto, a Federação Paulista de Futebol ainda discute a sua utilização e, por enquanto, ele está proibido durante os jogos.
Acontece que a legislação brasileira não permite que o jogador entre em campo com equipamentos que possam ferir o adversário - caso a lente dos óculos atinja algum atleta, seus estilhaços representariam um risco à integridade física.
Além de acidentes traumáticos, jogadores de futebol também estão sujeitos a problemas causados pela exposição excessiva dos olhos à luz solar. O desconforto causado pelo sol pode ser minimizado por lentes planas de policarbonato com proteção ultravioleta, evitando problemas como catarata (perda de transparência do cristalino), fotoceratite (inflamação da córnea que, por precisar estar sempre lubrificada, reage ao ressecamento da lágrima causado pelo sol) e degeneração macular (doença que afeta a mácula, área central da retina responsável pela visão de detalhes, cujas células deixam de enviar luz à retina, impedindo o processamento das imagens), causados pelo excesso de exposição à radiação emitida pela luz solar.
(Fonte: Portal da Oftalmologia)