“Tivemos a felicidade de manter a tranquilidade para fazer o gol na prorrogação. O grupo é muito experiente, aprendeu a ganhar, e não se abate facilmente. Dá para dizer que somos o time a ser batido”. A afirmação de Fábio Luiz Vasconcelos, treinador da Seleção brasileira de ‘Futebol de 5′, é um reflexo da confiança da equipe, que venceu o campeonato mundial, disputado no Japão, ao derrotar a seleção da Argentina por 1 a 0. Com essa conquista, o time brasileiro tornou-se tetracampeão.
A modalidade esportiva foi desenvolvida especialmente para atletas cegos. As partidas são disputadas em quadra de futsal, que recebe uma proteção nas laterais para evitar a saída da bola. Em 2004, a partir dos Jogos Paralímpicos de Atenas, passou a ser praticado também em campos de grama sintética, com medidas e regras do futebol de salão.
Cada time é formado por cinco jogadores: um goleiro (que tem visão total) e quatro na linha (totalmente cegos e que usam uma venda nos olhos porque qualquer resíduo visual é uma vantagem). Há ainda o ‘Chamador’, que fica atrás do gol adversário orientando o ataque de seu time.
No Brasil, o Futebol de 5 tem gestão da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV). Recentemente, equipe brasileira masculina venceu a Super Copa das Nações, disputada na sede da Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Andef), em Niterói/RJ ao vencer o México por 3 a 2.
Nesta competição, durante a concentração, alguns jogadores relaxavam jogando videogame, tranferindo para a disputa na tela a mesma estratégia da equipe em quadra. Os atletas da linha, cegos, manuseiam os controles, conforme mostramos nesta matéria.
Cássio é fãs dos jogos eletrônicos e diz que jogar videogame é uma sensação incrível. “Quando temos uma narração bem feita, seja do próprio jogo ou dos goleiros nos ajudando, a gente consegue construir um mapa na cabeça. Assim, criamos jogadas de passes e gols. O ideal é jogar sempre com times que já conhecemos, pois vamos saber por onde a bola está. Se tiver com o Daniel Alves, por exemplo, a situação será pelo lado direito de campo. E por aí vai. Saber tudo o que envolve o futebol ajuda. Se entendemos como tal atleta joga, se é rápido, habilidoso, vamos aproveitar as melhores características dele. Se jogarmos com a formação 4-3-3, já vou saber que tenho que jogar com dois pontas velozes para criar jogadas para o atacante no meio. Conhecendo a formação, você sabe como as jogadas da equipe vão funcionar”, diz Cássio.
(Fonte: Estadão)