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O número da Besta. Ou não?

Com estes recordes de calor, quando, no Rio de Janeiro, por exemplo, a sensação térmica chegou à casa dos 57 graus, logo começam as piadas do tipo “isso não é calor, é amostra grátis do inferno”.

Por causa deste calor dos diabos, “Olhos Curiosos” resolveu ferver a cabeça (mais do que já está) e partiu atrás da resposta para esta questão: por que o 666 é o número da besta?

Na mitologia arcaica, os demônios (do grego dáimon), eram espíritos intermediários entre os deuses e os homens. Esses espíritos podiam ser bons ou maus. Nos textos bíblicos mais antigos, Satã aparecia como um auxiliar da justiça divina (Zacarias 3, 1-2). No Novo Testamento, o substantivo comum tornou-se nome próprio, sendo Satã apresentado como Inimigo de Deus (1 Cron. 21, 1). Mas em hebraico, satã significa “adversário”, e esse adversário era terrestre, não celeste. Em 1 Samuel 29, 4 e em 1 Reis 5, 11, o contexto é militar. Já em 2 Samuel 19, 17-24 a palavra é sinônimo de “acusador”.

Mais tarde, o termo designava um anjo a serviço de Deus, cuja função era acusar os homens no tribunal celeste. Ao apontar as falhas de Jó, o satã (ainda não transformado em Satã) estaria agindo apenas como um anjo observador da Justiça Divina. No desejo de exonerar esta Justiça de certos flagelos que se abateram sobre Israel, os autores do Antigo Testamento carregaram nas cores sombrias para pintar o diabo (sem trocadilhos, claro). Porém, ele só assumiria o caráter de figura temerável nos primórdios da Era Cristã: o Novo Testamento lhe dá sua face maléfica. É no livro do Apocalipse que encontramos a menção da queda de Satã, por causa do sangue vertido pelo Cordeiro.

E é justamente neste último livro da Bíblia que está a explicação mais conhecida para o tal 666. Encontra-se no capítulo 13, versículo 18 a seguinte passagem: “Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis”.

Os teólogos Isidoro Mazzarolo e Leomar Brustolin ajudam a interpretar o trecho, a fim de entender o significado do famoso número satânico.

Primeiramente, o trecho bíblico diz que o número 666 é o número de um homem. Segundo Brustolin, que coordena o curso de pós-graduação da Faculdade de Teologia da PUCRS, o homem ao qual o autor do se refere é César Nero. Nero foi um dos imperadores de Roma que mais perseguiu os cristãos. Por isso, os adeptos do cristianismo passaram chamar o imperador de “besta”. Para que não fossem reprimidos por afrontar Nero, resolveram usar uma espécie de código para se referir ao tirano. Os fiéis relacionaram as letras hebraicas que formavam o nome do imperador a números.

“No alfabeto hebraico, esse nome (César Nero), em número, vai dar 666”, diz Brustolin. O teólogo Isidoro Mazzarollo acrescenta que o Apocalipse não quis atingir somente Nero, mas todos os imperadores perversos. “Qualquer rei que seja mau, qualquer déspota que seja mau, é, de fato, uma besta para o autor do Apocalipse”.

Além disso, há uma simbologia do cristianismo que atribui significados a todos os números. Dentro dessa simbologia, Brustolin explica que o número seis foi, por diversas vezes, citado na Bíblia como o número imperfeito e antagônico ao bem e, assim, o fato de estar repetido três vezes significa a plenitude.

Mas esta plenitude entrou em colapso no século XVII, com a teologia perdendo espaço para causas materiais. Intelectuais se voltam para Voltaire e Locke. Nietzsche decreta a “morte” de Deus. Sartre acredita que “o inferno são os outros”. Com a crise Divina, o Diabo sofre nova queda. A partir do século 18, o avanço científico desferiu golpes duros em Satã. No século XIX, médicos apontam os micróbios como causas de muitos males antes creditados ao maligno. Além disso, muitas religiões que não creem no Diabo se expandiram, como o judaísmo e o Islamismo.

Atualmente, mesmo com o crescimento das Igrejas Pentecostais, trazendo ampla divulgação do Diabo em seus canais televisivos, aonde Satanás brilha como estrela dos exorcismos na madrugada, é visível notar que o inferno faliu e oDemônio não é mais o grande inimigo de Deus, o imensurável mal cósmico, semeador do desespero. O Diabo, agora, é origem dos pequenos danos da vida: o alcoolismo, o adultério, o tabagismo, a gula... ou do “calor dos infernos”.

Como diz o historiador brasileiro Leandro Karnal, da Unicamp/SP, “Satanás passou do atacado para o varejo”.

Mas, apesar das muitas teorias sobre o 666 (que vão das que juram que a marca da besta é o dinheiro, passando pela que afirma que se trata da porcentagem de pessoas que será exilada em outro planeta, até chegar no – óbvio – fim do mundo em 2036), para alguns especialistas em teologia, não dá para ter certeza de que o número original era 666, pois em manuscritos muito antigos do Apocalipse, ele aparecia como 616.

Xiiiii...



(Fonte: Mundo Estranho)

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